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Tarifaço de Trump: entenda o impacto para o agro do Brasil (e para os EUA) em 5 pontos
Taxa de 50% sobre produtos brasileiros afeta itens-chave como café, carne bovina e pescados. EUA também podem perder com a medida.
Publicado em 14/08/2025 01:00
Mundo

Produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos passam a pagar uma tarifa de 50% a partir desta quarta-feira (6).

A medida atinge itens de peso no agronegócio, como café, carne bovina e pescados, e deve gerar prejuízos bilionários para o Brasil — além de encarecer produtos no mercado norte-americano.

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Entenda os impactos em 5 pontos:

 

 

1. Poucos itens do agro na lista de exceções

 

Dos principais produtos que o Brasil exporta para os EUA, somente o suco de laranja entrou na lista de quase 700 exceções à taxa de 50% sobre o que for comprado pelo mercado norte-americano.

A relação cita ainda castanha-do-pará, madeira, polpa de celulose e sisal (veja lista completa).

Quando um produto está nesta lista, o importador americano paga 10% de sobretaxa sobre o que já é usual. Produtos que não foram contemplados passam a ter mais 40% de taxa, somando os 50%.

Entre itens abarcados na lista de exceções, os produtos florestais são os mais exportados para o país de Trump, tanto em volume quanto em valor. No ranking das vendas do agro para os EUA, eles são seguidos pelo café e as carnes, que são alvos do tarifaço de 50%.

 

 

2. O peso dos EUA para o agro

 

Os EUA são o terceiro maior parceiro comercial do agro brasileiro, atrás da China e da União Europeia.

Produtores estimam uma perda de até US$ 5,8 bilhões caso as vendas para o país diminuam por causa do tarifaço.

EUA são o 3º maior cliente do agronegócio brasileiro — Foto: g1/Otavio Camargo

EUA são o 3º maior cliente do agronegócio brasileiro — Foto: g1/Otavio Camargo

café é o principal alimento que o agro brasileiro vende para os EUA. E o mercado norte-americano é o maior para o café nacional no exterior.

Isso coloca o produto numa situação bastante complexa com a taxação de 50%: as perdas do café com o tarifaço podem chegar a US$ 481 milhões neste ano, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

 

“A gente sempre diz que, assim como o Brasil é insubstituível para os Estados Unidos, os Estados Unidos são insubstituíveis para o Brasil”, resume Marcos Matos, do conselho dos exportadores, o Cecafé.

A China, maior cliente das exportações brasileiras, compra pouco café comparada aos EUA, por exemplo. Só a Alemanha importa um volume semelhante (veja abaixo).

Isso já não acontece com a carne bovina. Segundo maior mercado para o Brasil nesse setor, os EUA foram destino de 12% das exportações neste ano — muito atrás da China, que absorveu quase metade do que foi vendido.

Mesmo assim, uma redução nas vendas para os EUA representaria uma perda de US$ 1 bilhão em 2025, de acordo com a associação dos exportadores, a Abiec.

Outros setores menos volumosos, como o dos pescados, do mel e das frutas, especialmente a manga, são bastante dependentes do mercado americano.

Raio X da exportação — Foto: arte g1

Raio X da exportação — Foto: arte g1

 

 

3. Brasil perde, mas EUA também

 

café e a carne bovina são os produtos brasileiros atingidos pela tarifa de 50% que mais devem fazer falta para os EUA.

O país de Trump é o maior consumidor de café do mundo, mas praticamente não tem produção própria. Os EUA importam 99% do café que consomem, e o Brasil é responde por cerca de 30% desse volume. Então, é difícil achar rapidamente quem possa suprir essa quantidade.

Tarifaço do Trump e agronegócio — Foto: Reprodução/redes sociais

Tarifaço do Trump e agronegócio — Foto: Reprodução/redes sociais

 
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